quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Chapada dos Veadeiros 23-07-16 a 1-08-16

Esse final de julho, parti para Chapada dos Veadeiros. Achava que faria muitas trilhas, mas a maioria das cachoeiras da Chapada são acessíveis por trilhas bem curtas, ainda que muitas vezes íngremes. Acho que a trilha mais longa que fiz era de 15 km ida e volta, algumas eram de 6-9 km ida e volta e a maioria era mais curta.

Peguei o avião Rio de Janeiro-Brasília às 16h45 do dia 22/07, a passagem pela Avianca (sem escalas e saindo do Santos Dumont) custou cerca de 350 reais, e comprei com 2 meses de antecedência.

Em Brasília, não tinha feito reserva prévia de veículo, imaginei que por se tratar de uma cidade enorme haveriam muitos carros disponíveis. 1a dica: reserve carro com antecendência. Quase não encontramos carro para alugar. Apenas duas locadoras tinham veículos relativamente simples, e nenhuma tinha os carros 1.0 que são os mais econômicos e que eu contava alugar. Conseguimos um Gol 1.6 na Movida por 148 reais a diária (O total saiu a 1480 reais, 740 reais para cada uma). Sem carro na chapada é complicado, As atrações não são próximas e não há transporte público desenvolvido. Muita gente alternativa e sem problema de tempo tenta a sorte pedindo carona para chegar aos atrativos ou se deslocar entre uma cidade e outra, mas é arriscado.

Pegamos a estrada por volta de 19h40. A ida para Alto Paraíso não tem sinalização alguma desde Brasília. Nada indica como chegar à Chapada dos Veadeiros. Só consegui me localizar graças ao Google Maps do celular. Acontece que fiquei rapidamente sem bateria, e tive que seguir minha intuição e ir parando em postos para perguntar (O GPS consome muita bateria).

Levamos pouco mais de 3hs para chegar, pois era de noite, havia pouca sinalização e eu não tinha idéia de onde havia pardais. A estrada é ótima, praticamente sem curvas, mas como mencionei, mal sinalizada nas bifurcações. 2a dica: vá com o celular completamente carregado e leve o cabo de carregamento do mesmo com o adaptador de isqueiro dentro do carro para que a bateria não morra no meio do caminho. Um aplicativo de GPS é muito importante nessa hora (claro, se vc tiver celular com plano de internet).

Na cidade de Alto Paraíso, ninguém sabe dar informação. Muitas pessoas que moram lá são de fora, e elas vivem em um universo paralelo, com uma noção de tempo e informação completamente diferente do que estamos acostumados. A maioria das coisas das quais você precisará nessa cidade se concentram na rua principal: supermercado, farmácia, lojinhas, restaurantes e Centro de atendimento ao turista (o CAT deles).

Ficamos em dúvida entre pernoitar só em Alto Paraíso ou dividir a estadia entre Alto Paraíso, São Jorge (mais perto do parque Nacional) e Cavalcante. A cidade de Alto Paraíso é bem mais estruturada, e ainda fica próxima da maioria das atrações. Contrariamente a Alto Paraíso que é asfaltada, São Jorge ainda é toda de terra, mas é lá que acontece a maior concentração de jovens, principalmente do povo alternativo. A grande vantagem de viajar pra lá nessa época é que ocorre nessa pequena vila o festival de encontro de culturas, com performances e produtos típicos de culturas minoritárias de diversas regiões do mundo. Se você é muito louco, gosta de locais bem rústicos, gosta de um fumo, de um cogumelo, de músicos independentes tocando melodias desconhecidas, de sovaco peludo e tudo que for mais alternativo possível esse é o seu lugar! Mas além disso, São Jorge encanta muito por seus artesanatos a base de pedras, bijuterias, pinturas, roupas artesanais e instrumentos rústicos. Não deixe de visitar a capelinha de São Jorge que é um mimo: tem teto interno recoberto de chita e paredes com mosaicos lindos! Acabamos nos fixando só em Alto Paraíso e visitando São Jorge em algumas noites, porquê minha amiga queria estar próxima de uma conhecida que mora em Alto Paraíso. Cavalcante é longe da maioria das atrações, e só vale para aqueles que desejam economizar combustível e explorar as redondezas. Da próxima vez que eu voltar, certamente reservarei alguns dias para explorar essa região toda.

Minha amiga e eu ficamos hospedadas em um hostel (Hostel Chapada dos Veadeiros), que mais parecia uma pousada pois tivemos quarto privativo com banheiro dentro. O hostel era ótimo embora bem simples: tinha cozinha, utensílios como panela, liquidificador, pratos, copos, talheres, pano de prato, geladeira, maquina de lavar e varal. A única coisa que o hóspede deve levar é sua toalha. A dona do hostel, a Liège, é um amor, super solicita e amável. Mas o preço da hospedagem era de pousada também, pagamos 150 reais a diária. Como passamos 10 noites no hostel, pagamos 1500 reais, ou seja, 750 reais para cada uma no total. Importante salientar que a nossa localização era excelente: estávamos bem no centro, na rua paralela à rua principal, com esquina à rua da farmácia. 

A maioria dos atrativos da Chapada é privada (entradas entre 20 e 35 reais), e só aceitam a entrada de visitantes até 12h-13h. Assim, muitas vezes, acaba que só é possível visitar uma atração por dia. Exceções são o Vale da Lua, Raizama, o complexo de Anjos e Arcanjos e as águas termais que ficam abertos até mais tarde. Não sei dizer como funcionam as atrações que não visitei, tais como Macacos, Lajeado, Poço encantado

Vamos à 3a dica: programe-se para conhecer os restaurantes que tiver vontade. Eles não ficam abertos o tempo todo. Alguns, como o delicioso e requintado Jambalaya, não abrem certos dias da semana (nesse caso o restaurante fecha às 2as) e só funcionam para o jantar (com exceção do domingo, dia em que o Jambalaya também abre no almoço). O Quiri Quiri, restaurante muito bem recomendado de hambúrgueres gourmets, só abre para o jantar. Por conta disso, acabamos não tendo oportunidade de conhecer. Levávamos lanche para o horário do almoço nas atrações e acabávamos fazendo um "almo-janta" por volta das 17hs-19hs. Muitos dias também, estávamos  cansadas e comíamos qualquer coisa que tivéssemos no quarto (bolo, pães, biscoitos).


O que fiz:

1o dia (sábado 23/07/16): Complexo Almécegas I e II com São Bento pela manhã até de tarde. 

O complexo é privado, não lembro a taxa de entrada, mas todos os ingressos eram no máximo 35 reais. Fica na fazenda São Bento, bem perto de Alto Paraíso, indo no sentido de São Jorge. Há restaurante na sede do local. Todas as 3 cachoeiras valem a pena, Almécegas I tem a maior trilha, mas ainda é curta, mas para mim, foi a mais linda e olhando ela, você sabe que chegou na chapada, pois ela é o tipo de formação grandiosa que caracteriza esse lugar enorme. São Bento é a que menos impressiona, mas tem um teto de pedra cobrindo parte do poço que cria um efeito de água refletindo na pedra muito legal.


Almécegas I.


2o dia (domingo 24/07/16): Loquinhas pela manhã e complexo da Cachoeira dos Cristais de tarde.  

As Loquinhas nos foi desaconselhada por um guia local, mas fomos mesmo assim pois as fotos e relatos que tinha lido eram ótimos. Não deixe de ir, mesmo na seca, pois ela é bem próxima de Alto Paraíso e a cor das águas é linda! A trilha violeta estava seca, e a outra trilha tinha os dois últimos poços secos. Ainda assim, curtimos muito! O poço Xamã foi o mais lindo, e o mais cheio, sendo o último com água, e que batia sol. Também gostamos muito do poço Curumim (que tem uma hidro gostosa, um tronco ótimo para as moças que gostam de "modelar" e um poço verde água lindo!) e do poço da Seriema. A caminhada se dá por um estrado de madeira que sobe suavemente, mas certos poços só são alcançados por escadas descendentes íngremes (ainda que curtas). O complexo é privado, não me recordo ao certo o valor da entrada (entre 20 e 35 reais).


Loquinhas: Poço Xamã (a água é mais azul que nessas fotos).
Loquinhas: diversos poços, o último sendo o Xamã.
Loquinhas: poço Seriema bom para hidro nas costas.

O complexo das Cachoeiras do Cristal é uma sequência de poços e quedas ribanceira abaixo que são bem legais, variando o tom das águas do amarelo ao verde, e também é privado. Fica bem perto da cidade, indo no sentido de Cavalcante. A última cachoeira, a Cristal propriamente dita, é a mais linda! Tem rochas de cores variadas fazendo um jogo de cores bem bonito. Na volta tem um boa subidinha. Ambos os locais (Loquinhas e Cristal) contam com restaurante no inicio da trilha.

Alguns poços e quedas do complexo cachoeira Cristal (última foto é da Cristal propriamente dita).


3o dia (segunda 25/07/16): Vale da Lua de manhã e Raizama à tarde. 

Pretendíamos fazer Vale da Lua e a trilha dos Saltos no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (CV). Esqueci que o parque só recebe visitantes até 12hs para entrada, e que também tem limite de pessoas. Para garantir a entrada, é importante fazer essa atividade primeiro, e de preferência, chegar cedo. Acabamos saindo do Vale da Lua quase meio dia. Tentamos ir a outras cachoeiras que queríamos, mas todas estavam fechadas para entrada. O Vale da Lua é um propriedade particular (entrada entre 20 e 35 reais, não lembro!) e é muito lindo, dá pra nadar por entre rochas distorcidas e ver tons de amarelo a verde nas águas, muito bacana. Acabamos tendo que ir ao Raizama, que não era um local que queríamos visitar de início. Não gostamos do Raizama, parecia um Vale da Lua piorado, já não batia sol à tarde e a entrada era de 20 reais. Não sei se na época de cheias fica mais impressionante, mas... Se tivéssemos ido ao Parque de manhã e deixado o Vale da Lua para a volta teria sido muito melhor e poderíamos ter visitado mais um atrativo em nossa viagem.

Vale da Lua (linha superior) e Raizama (linha inferior).
Poço do Vale da Lua.

4o dia (terça 26/07/16): Santa Bárbara e Capivara, dia inteiro.

Essas cachoeiras ficam bem longe. Se fosse escolha minha, eu teria saído para ir às 6h30, mas como fomos com guia, saímos às 9hs a pedido do mesmo (acho que a guia não gostava de acordar cedo). Quanto mais tarde se chega às cachoeiras, mais gente se encontra e eu odeio lugar cheio. A contratação de um guia é realmente importante para esse passeio, pois após chegar em Cavalcante, não há indicação alguma de como se chega à reserva dos remanescentes de escravos denominados Kalungas (que são os donos do território onde ficam as cachoeiras). A entrada é paga, e existe limite de 1 hora para permanência em cada cachoeira. É uma pena, pois, para mim, Santa Bárbara é a mais linda jóia da Chapada devido tanto à cor de suas águas azul turquesa, quanto de seu isolamento, e eu tive vontade de ficar lá o dia inteiro. Para chegar até ela após estacionar o carro, é necessário pegar um transporte 4x4 dos Kalungas que custa 5 reais para ir, e 5 para voltar. O custo do guia desde Alto Paraíso é de 150 reais a diária (disseram que é tabelado), e pode ser dividido por grupos de até 5 pessoas. O guia sempre vai no seu carro. É possível contratar guias só ao chegar na aldeia Kalunga, mas certamente você terá certa dificuldade pra chegar na reserva. Para entrar nas cachoeiras, a presença de um guia é obrigatória. São eles que controlam a permanência de 1 hora de cada grupo para não impactar muito no local.


Cachoeira de Santa Bárbara o poço anexo. que a antecede

A cachoeira de Capivara é bem legal, mas sinceramente, depois de ver a Santa Bárbara nada superou, na minha opinião. Antes de chegar à Santa Bárbara, passa-se por um poço menor lindo, no qual os guias não costumam deixar ficar. Uma pena, pois esse poço é muito mais vazio e seria bom aproveitar um pouco. Antes da cachoeira da Capivara também tem um poço clarinho lindo, logo antes da descida final, que vale a pena ficar um tempinho, mas onde os guias não param. Depois de voltar das cachoeiras, existe a opção de comer na casa dos Kalungas por 30 reais. Vale a pena, a comida é maravilhosa, aquela comida caseira cheia de sabor. No cardápio do dia, tivemos frango caipira, arroz, feijão, feijão tropeiro, abóbora, farofa tipo paçoca (típica deles), torresmo, aipim frito e salada. Dá pra repetir quantas vezes quiser! Quem for almoçar tem que encomendar antes de ir para as cachoeiras, mas paga só depois de comer. Acho que eles não aceitam cartão, eu paguei em espécie.

1 e 2- Cachoeira de Santa Bárbara; 3 e 4- Cachoeira da Capivara; 5-Almoço Kalunga.
Panorama da cachoeira da Capivara.
Poço antes de descer para a Capivara e o mascote do hostel: Orelinha.


5o dia (Quarta 27/07/16): Trilha do Parque Nacional da CV - Corredeiras e Saltos, dia inteiro.

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (CV) fica no final da cidade de São Jorge. A entrada, incrivelmente, é gratuita. O visitante só precisa assistir a um vídeo sobre o parque, sua preservação e suas trilhas e se cadastrar em uma ficha indicando a trilha que pretende fazer, o horário de entrada, o nome, seu celular, nome e telefone de um contato para emergência e número de indivíduos do grupo (com nomes e respectivos tels). As trilhas são muito bem sinalizadas e demarcadas, não é necessário guia, é só seguir a setas amarelas no caso dessa trilha. A portaria do parque tem bebedouro e banheiros com papel higiênico, mas não espere um folheto com o mapa das trilhas para o visitante. Eu fiz o caminho mais longo, andando um total de 15,5 km ao invés de 9 km se tivesse feito a trilha indo primeiro a Saltos e depois às Corredeiras. Depois que voltei, me foi dito que o caminho mais usual era ir para os Saltos 120 primeiro e passar nas corredeiras depois. pois existe um atalho na volta pelas corredeiras. 
Os Saltos são impressionantes, são duas quedas, uma de 120 metros a qual não vi acesso pela trilha, e outra de 80 m mais acima, que foi onde a trilha do parque desembocou. Mesmo não chegando ao maior salto, dá pra avistá-lo com seus 120 m de altitude, e é grandioso!
No salto de 80 m, a piscina formada em baixo da queda é muito profunda e a distância até a queda é enorme, inibindo a maioria dos visitantes a nadarem até a ducha. Essa trilha tem um grande desnível final, e é necessário andar por entre muitas pedras para chegar à beira da piscina com peixinhos gerada pela queda (machuca o pé descalço e é escorregadio para o pé com tênis). As águas são claras (amareladas) mas devido à profundidade e volume da coluna d´água o poço fica marrom escuro/verde musgo a uns poucos metros da beira que tem fundo de areia. Por conta dessa configuração, não achei a cachoeira tão interessante para banho. Ela é linda de se ver pois é muito grande.

Panorama do Jardim de Maytrea na estrada entre Alto Paraíso e São Jorge.

Saltos 120 e 80 no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

Panorama do Salto de 80m.

As corredeiras são basicamente, uma parte do rio onde se acumulam uma multitude de piscinas naturais e pequenas quedas d´água permitindo massagear as costas, se duchar em cachoeirinhas e nadar nas partes de águas calmas. Explore o local, suba nas pedras pois só assim descobrirá as duchas e hidromassagens. A cor da água é amarela/marrom dependendo da profundidade e das pedras do fundo. As trilhas do parque são muito descampadas, então aconselho levar muita água e um chapéu, além de protetor solar. Vi muita gente passando mal de desidratação. Importante mencionar que o sinal de celular pega bem no parque.

1, 2 e 5 - Piscina das corredeiras; 3 e 4 - Quedas das corredeiras.
Panorama das corredeiras.
Panorama de uma pequena queda do lado superior das corredeiras.

6o dia (Quinta 28/07/16): Catarata dos Couros, dia inteiro.

Esse dia também contratamos um guia, uma vez que nos tinha sido dito que era uma trilha difícil de chegar. Eu, sinceramente, achei desnecessário a presença do guia. a trilha é intuitiva, ir descendo olhando o rio pelas pedras cada vez mais. As cataratas de Couros ficam em uma entrada da estrada voltando no sentido de Brasília a cerca de 30 km de distância. O complexo é incrível, a entrada é gratuita e muita gente acampa por ali. As piscinas e cachoeiras enormes vão aparecendo em degraus, uma coisa linda. Deixamos o banho na primeira cachoeira por último, para subirmos o final da trilha bem frescos. Lá embaixo, na 3a cachoeira, existe a possibilidade de descer e nadar na piscina de baixo para olhar a última queda do complexo. A guia avisou, mas acabamos sem tempo de fazer a exploração. Isso é um ponto chato dos guias, eles é quem determinam quanto tempo se fica em cada poço/cachoeira... Os caras querem chegar em casa até um certo horário, e para isso, não ficam muito tempo em cada local. Acho que o melhor é marcar bem cedo com o guia e deixar claro que querem passar bastante tempo em cada poço antes de fechar com a pessoa. Ali não há nada para comer, é bom levar bebida e lanches.

1a cachoeira de Couros.
2a cachoeira de Couros.
Panorama da 2a queda de Couros (Almécegas 100).

7o dia (Sexta 29/07/16): Trilha do Parque Nacional da CV - Cânions e Carioquinhas, dia inteiro.

Mais um dia no parque, gratuito. Fomos fazer a segunda trilha (a trilha de iniciante da Seriema estava seca, e a trilha da travessia das Sete Quedas exige de 2 a 3 dias acampando e minha amiga não estava na "vibe"). Fomos primeiro aos Cânions e depois às Carioquinhas. Essa é a trilha das setas vermelhas, super bem demarcada, isentando a necessidade de guia. Depois que se chega no Cânion, pode ser difícil encontrar a seta que manda continuar descendo as pedras até que os paredões do Cânion desembocam em uma grande piscina natural, mas olhe com cuidado que você encontrará. Dali, continuamos a trilha para as Carioquinhas, que se termina por um descidão. As carioquinhas são mais uma vez uma cachoeira de águas âmbares, com poço profundo e queda em formato de cascatinhas consecutivas sobre pedras assim como Almécegas II, e Couros.

1, 2 e 3 - Cânios; 4, 5 e 6 - Carioquinhas.
Panorama das Carioquinhas.

8o dia (Sábado 30/07/16): Cachoeira do Segredo, dia inteiro.

Chega-se à cachoeira do Segredo seguindo pela estrada de terra depois da entrada da vila de São Jorge. É muito importante saber duas coisas: 1- a entrada só é permitida até 13hs, 2- o ingresso (35 reais), que equivale a uma pulseirinha de acesso, deve ser adquirido na vila de São Jorge ao lado de um restaurante de massas tipo Spoleto. Todos na vila saberão onde fica.
A estrada de acesso ao Segredo é chatinha em alguns momentos, mas na época de estiagem é possível passar dentro dos rios com carros 1.0. O carro precisa cruzar o rio 4 vezes antes de chegar ao estacionamento mais próximo que fica a 3,6 km da cachoeira do Segredo (vai ter que caminhar muito mais se deixar o carro antes dos rios). Ali também não tem nada para comer, e a trilha é bem demarcada com seta nas pedras. Nada de guia, não caia na conversa de quem tentar lhe vender o contrário. A trilha cruza o rio sobre pedrinhas lisas inúmeras vezes. É uma trilha bem bonita, no meio de muita vegetação e ladeando um rio que varia entre amarelo e verde cristalino. Em um dado momento, se chega a uma piscina natural verde água translúcida cheia de peixes e pedras claras no fundo. Existem grandes estrados de madeira ali onde os visitantes tomam sol e deixam seus pertences. O lugar é lindo. Tome banho aí, tanto na ida quanto na volta, pois nessa época do ano, pelo menos, a cachoeira do Segredo não recebe nada de sol e suas águas de um verde profundo são gélidas.

Poço onde bate sol bom para banho na trilha do Segredo.
Panorama da piscina de águas cristalinas na trilha do Segredo.

Continuando a caminhada passa-se por um vale bem descampado antes de adentrar na mata novamente. De repente, quando menos se espera, surge ela, gigantesca e majestosa, a maior cachoeira que vi na Chapada, com 180 metros de queda. As parede de rocha que cercam a cachoeira parecem se fechar na parte de cima, é simplesmente incrível!

1- Poço no caminho do Segredo; 2 e 3 -Cachoeira do Segredo.

9o dia (Domingo 31/07/16): Complexo de cachoeiras do Macaquinho, dia inteiro.

Mais uma cachoeira pra a qual os guias disseram que era necessário a contratação dos seus serviços, mas que na verdade é tranquilo de se chegar sozinho. Essa cachoeira é pouco visitada, fica um pouco afastada (uns 45 km) indo no sentido de Brasília. Na verdade roda-se pouco em estrada asflatada, a maioria do trajeto é feita em estrada de terra boa, exceto pelos últimos 2 quilometros de descida. Não desça com o carro até o estacionamento do complexo a não ser que esteja dirigindo um 4x4, pois a última parte tem muita terra fofa solta dificultando muito a volta do carro que sobe a ladeira. Deixe o carro antes e ande um pouco mais e evite dores de cabeça com carro derrapando e atolando. A entrada é paga (se bem lembro era 20 reais), o local tem banheiro na sede e água filtrada a vontade. Não há lanchonete nem restaurante no local. O complexo do Macaquinho é composto por poços e quedas sucessivas oriundas do rio que tem o mesmo nome. A cor das piscinas vai do verde escuro ao amarelo claro, e tem muitos peixinho ali também. A trilha também segue o sistema de setas, e vai descendo. Vá para a última cachoeira, uma cachoeira em formato véu de noiva, e volte parando e se banhando nas demais quedas e poços ao longo do caminho para se refrescar e descansar da subida. Existe ali o poço do "jump" de onde algumas pessoas pulam em uma grande piscina profunda e verde, também há um poço reservado aos praticantes de nudismo e outra queda em degraus que tem uma enorme caverna lateral, logo antes da última cachoeira.

1 - Cachoeira da gruta (penultima da trilha) no complexo do Macaquinho; 3, 4 e 5 - Cachoeira do Encontro das Águas.
Panorama da Cachoeira do Encontro das Águas. (última da trilha).

Lista dos restaurantes que conhecemos:

1- Jambalaya - comida à la carte, pratos mais requintados. Comemos uma truta com molho de amêndoas, arroz com pesto e batatas rusticas. O prato estava divino e custou 46 reais. O restaurante é todo lindo, com um ambiente muito acolhedor que integra natureza e requinte com muito bom gosto. No cardápio haviam massas, saladas, carnes, frangos, saladas e sobremesa. Comi um torta gelada de chocolate com castanhas, que na minha opinião, deixou a desejar. O local não é fácil de encontrar, pois a partir da placa da estrada principal, passa-se por várias bifurcações sem indicação. Não está no centrinho da cidade. O prato que comemos estava maravilhoso, aconselho muito. Aceita cartão.

Truta ao molho de amêndoas, arroz com pesto e batatas rústicas.

2- Alquimia - comida vegetariana a quilo, o cardápio muda todo dia. Está sempre aberto, e o quilo custa cerca de 45 reais. A comida é muito gostosa, tem saladas, quiches, estrogonofes de soja, moquecas vegetarianas, arroz, feijão, farofa, macarrão alho e olho entre outros, mas o destaque foi para o couscous marroquino com castanhas de barú, que foi uma das coisas mais saborosas que comi na chapada. As sobremesas também são variadas e pareciam bem apetitosas. Fica na rua principal. Aceita cartão.

3- A Horta - Restaurante à la carte dirigido por um chef holandês próximo à rua principal, num ambiente encantador e muito bem projetado. Chão com pedrinhas, iluminação, jardim com fonte e lareira são algumas das atrações que conferem um charme único ao local. O destaque foi para o Biju adaptado com peixe empanado e legumes que estava leve e delicioso. o preço desse prato para duas pessoas era de 68 reais. Por se tratar de um restaurante novo, o chef é super atencioso, vem conversar com os clientes. Super aconselho. Aceita cartão.

4- La Vita e Bella - Restaurante à la carte situado na rua principal, cujo forte são as massas. Quem olha de fora não dá nada, mas as massas são deliciosas. Cozidas no ponto "al dente" e com diversas opções de formatos e molhos, aconselho muito o nhoque com molho de gorgonzola e nozes. A porção é bem generosa, dá até pra dividir com mais alguém, e o sabor é fantástico para os fãs do queijo e da crocância das nozes. Os preços são honestos e o atendimento bem legal. Aceita cartão.

5- Santo Cerrado Risoteria (em São Jorge) - Restaurante à la carte. Tem risotos muito bem servidos, mas o que eu realmente amei foram os medalhões de frango empanados (3 unidades) recheados com queijo e pesto, e as bruschetas. O ambiente é super charmoso, tem uma parte no jardim de fundos com mesinhas baixas e almofadas perto da fogueira que é imperdível para quem adora observar o céu noturno. Tem música ao vivo às 6as e sábados. Para chegar, é necessário seguir as placas de madeira e entrar na única rua cheia de velas no chão. Aceita cartão.

Acabei não indo a muitos outros restaurantes, soube que tem outras opções que valem a pena, mas o dinheiro contado e o cansaço atrapalharam.

A tapioca do Vale da Lua merece uma menção, pois custa 5 reais e é bem mais gostosa do que a que comi em Alto Paraíso.

O café da manhã é algo a parte pra quem se hospeda em hostel: nos horários antes das 9hs na cidade de Alto Paraíso, apenas a padaria do mercado fica aberta. A dica são os pães de queijo que custam 1 real cada 3 unidades. Mas se prepare, o atendimento é muito ruim, demoram séculos para atender, entregar e cobrar, e a padaria está sempre cheia. Tem mesinhas para sentar. Uma boa opção quando for fazer as trilhas do Parque Nacional da CV, é tomar café em São Jorge pois por ser a cidade na qual o parque está situado, existem diversas opções de café da manhã abertas bem cedo.

Quando ir:

Cada época tem suas vantagens. A época de julho te permite entrar nas cachoeiras que teriam um fluxo de água muito intenso para ficar em baixo da queda, te permite vivenciar o festival de culturas que é muito legal, tem dias ensolarados sem uma gota de chuva e não há risco de tromba d´água. Já na época de chuvas, talvez o inicio ou o fim desse período sejam os mais indicados pois as cachoeiras já recuperaram sua exuberância e as cachoeiras secas na época de estiagem agora ressurgem. A água das cachoeiras não chega a ser gélida, comparado com as cachoeiras de Itatiaia e Visconde de Mauá, achei a temperatura muito tranquila em julho. Parece que em agosto entram ventos bem fortes, o que pode prejudicar na hora de entrar e sair das cachoeiras (frio!).

Considerações finais:

1- É importante sempre fazer as trilhas mais frequentadas, tais como as trilhas do Parque Nacional CV e de Santa Bárbara, durante a semana para evitar aglomerações, e programar as mais distantes ou menos visitadas para finais de semana.

2- É legal conhecer pessoas e propor dividir um guia para baratear os passeios guiados. Nós fizemos isso, e acabamos conhecendo um casal de BH fantástico.

3- O que dizer das trilhas como um todo: a maioria é uma alternância de pedras lisas, pedras onduladas, terra solta e areia. Nenhuma tem um grau de dificuldade enorme, mas em geral, sempre apresentam um grande declive em algum ponto, pois é quando vão se formando as grandes quedas dos afluentes gerando belas cachoeiras. Isso pode cansar alguns andarilhos, mas a recompensa é gratificante.

4- Você vai sujar muito seus calçados e provavelmente perderá uma meia pelo menos. A terra entranha em tudo, inclusive nas unhas do pé, cabelos e poros. É interessante levar um sabão de côco para tentar dar uma melhorada em roupas muito sujas, principalmente se levar poucas roupas.

5- Em julho faz friozinho de manha e de noite, leve um único casaco básico quentinho que você estará coberto.

6- A farmácia só abre às 9hs. Leve um kit com os remédios mais importantes, inclusive sais de fruta, hepoclair e anti-gases pois uma comida e água local diferentes podem estragar seu passeio. Existe o Tom das ervas que vende plantas para chás medicinais. Fica do outro lado da avenida principal, no posto Vale da Lua.

7- Sempre li que os locais pela chapada não aceitam cartões. As entradas em cachoeiras, pagamento de guias e de alguns artesãos são, de fato, feitas em espécie. No entanto, restaurantes, postos de combustíveis e lojinhas aceitam amplamente os cartões. nosso hostel não aceitava cartão, mas aceitava transferência online. Na cidade existe caixa eletrônico do Banco do Brasil, da Caixa e acho que do Itaú (a confirmar). Não cheguei a usar, logo não posso opinar sobre o funcionamento.

8- Pra quem gosta de bike, tem uma ciclovia ótima na estrada principal, deve ser lindo fazer passeios de bike por la! Vi que em alguns locais alugam bikes.

9- Gostaria de ter ido a diversos outros pontos, mas alguns deles, como o Mirante da Janela e a Cachoeira do Abismo, por exemplo, não eram indicados pois a trilha era longa, sem sombra, e a cachoeira da trilha desaparece (seca!). O Rio do Prata e a Ponte de Pedra eram bem distantes e minha amiga não topou ir assim como o Terra Ronca. De qualquer maneira, eu precisaria de mais dias para fazer tudo o que gostaria. Isso me garante um retorno algum dia para conhecer os locais que não pude ver dessa vez.

10- Viajar em conjunto tem suas vantagens (custos divididos, companhia e partilha na tomada de algumas decisões), mas tem pontos ruins que podem ser mais evidentes quando o parceiro não é muito de alternar os privilégios (banhos, direção do carro), se for mandão, ou se não for muito flexível (não topa ir além de uma dada distância, não come em qualquer lugar, não topa acampar, não gosta de mergulhar e quer ir embora das cachoeiras rápido). O ideal é conhecer bem o companheiro de viagem e avaliar se a viagem em grupo trará mais dores de cabeça do que benefício, além, é claro, de saber ceder.


segunda-feira, 11 de julho de 2016

Subida do Pico da Bandeira 10-07-16

Mais uma trilha que queria fazer há tempos. Quando fui ao parque nacional do Caparaó uns amigos tiveram dengue e voltamos às pressas. Afinal, trata-se do 3o maior pico do Brasil com 2890 metros de altitude e não fica a uma distância tão grande do RJ.

O maior empecilho pra voltar ao parque e realizar a subida é que ele fica muito longe do Rio. são quase 500 km de distância até a portaria de Minas, sendo que carros levam 5-6 hs e ônibus quase 7 hs pra chegar em Alto Caparaó (cidade base do parque). Sou uma pessoa que sente muito sono, e dirigir de noite é um problema. O custo com gasolina e pedágio indo sozinha também inviabilizou o projeto por muitos anos, Por fim, vi a oportunidade de realizar a subida em um grupo de trilhas pagas. Abracei a oportunidade e pronto.

Aprontei a mochila em cima da hora. Não foi legal pois não achei minhas segundas peles e não tinha mais tempo de sair pra comprar nada. Levei barraca pra uma pessoa Mini pack da Azteq (muito boa pra travessias pois pesa menos de 2kg, tem resistência a 3000 mm de chuva, não é inflamável), isolante térmico, lanterna de cabeça (com pilhas extras), bastão de caminhada, cadeado, travesseiro inflável, uma muda de roupa, uma meia calça e duas calças legings para a subida, um fleece e um casaco 3 em 1 (fleece e corta vento que são separáveis), cachecol, luvas e gorro, papel higiênico, nécessaire, toalha de rápida secagem, 2 sopas Vono, castanhas, barras de cereal, maçã seca, dois sanduíches com pasta de atum, sacos extras para lixo e roupas sujas, talheres plásticos para camping, panela de alumínio para camping, protetor solar. Faltou um fogareiro, mas havia combinado de usar o dos colegas de trilha.

Chegando em Alto Caparaó, pegamos um jipe para nos levar até o primeiro acampamento do parque, a Tronqueira, de onde saía a trilha para o segundo acampamento, que era onde montaríamos as barracas e ficaríamos até a hora de subir a trilha. 

O trajeto Tronqueira-Terreirão é de 3,7 km. O primeiro quilômetro é puxadinho, o segundo é bem mais tranquilo e do terceiro para o fim é muita subida também. A trilha é completamente descampada, anda-se sobre muita rocha e pedrinhas soltas, são raros os trechos de terra batida...

Inicio da trilha Tronqueira-Terreirão
Quando avistar a sua esquerda a primeira queda d´água com poço ao longe, está chegando ao primeiro quilômetro, ou seja, as coisas vão melhorar em termos de subida. Passa-se por diversas quedas d´água ao longo do trajeto, mas não entrei em nenhuma pois não estava com roupa de banho, muitas desviavam do trajeto que eu tinha que seguir com o grupo, e estava bem frio. Tem um trecho lindo da subida no qual dá pra ver o tapete de nuvens tão característico que fica por lá um pouco abaixo do 1o acampamento (Tronqueira).

1a queda d´água
Trecho mais bonito da subida de Tronqueira ao Terreirão
Tanto nesse trajeto quanto na subida para o Pico da Bandeira, existem diversos caminhos abertos, quase paralelos, que levam ao mesmo destino. O importante é ficar atento às estacas de madeira com a borda pintada de amarelo ou azul claro, ou então às setas e marcações amarelas pintadas nas pedras. Na trilha do Pico da bandeira, a tinta é fluorescente facilitando encontrar o caminho, mas haviam trechos longos sobre rocha onde as sinalizações estavam espaçadas e era difícil saber se estávamos no caminho correto.

Quase chegando ao Terreirão, há uma placa indicando que faltam apenas 200 m para o acampamento, mas essa distância parece muito maior pelo fato de ser uma subida bem íngreme e de se estar com mochila cargueira.

O Terreirão é um espaço bem amplo, tem uma casinha para aqueles que não subiram com barracas (mas fica sujeita à lotação), tem a casinha dos guias do parque, tem algumas mesas com bancos de madeira, banheiros femininos e masculinos e por fim uma área para lavar as louças. A área de lavar louça tinha esponjas disponíveis e com cara de novas, assim como sabão de côco. Os banheiros só dispõem de dois chuveiros com água fria (deveria ter aquecimento solar, mas todas as vezes que fui ao parque estava sempre quebrado, e no entanto cobram entrada!) e a água é tão gelada que meu couro cabeludo ardeu durante 1 minuto depois de molhar e fiquei com dor de cabeça... Olha se for inverno não lave o cabelo à noite em hipótese alguma!! Os banheiros não dispõem de papel higiênico também, e os sanitários nem têm mais assento.

Visão panorâmica do lado direito do acampamento Terreirão
Chegamos por volta de meio dia e meio. Após armar a barraca e comer um sanduíche de atum que levei, dormi umas duas horas de tão cansada que estava antes de tomar banho. 

Minha barraca de menos de 2 kg (só cabe uma pessoa)
Fui ver o pôr do sol por volta de 17h15: junta todo mundo do acampamento pra assistir, o que é bem chato pra tirar fotos. Eu só estava com meu celular que tem um péssimo flash e sensibilidade noturna, mas tive a ideia de usar a lanterna pra iluminar meu rosto depois que o sol se pôs e deixou o céu com o horizonte laranja lindo. A água da torneira desse acampamento é boa para consumo, bebi a vontade (sem clorin) e nada de passar mal. 

Panorama do pôr do sol e amontoado de espectadores no Terreirão
Pôr do sol no Terreirão: início meio e fim
Comi duas sopas Vono e preparei um chocolate quente pra levar pro pico na garrafa térmica. Isso eram 18h30, coitada de mim que achei que a garrafa ía dar conta de manter o chocolate quentinho até o pico com o frio que estava fazendo.

Tentei muito dormir até 2h da manhã, que era o horário de saída combinado, mas tudo em vão. O frio era tanto, mesmo com meia calça, 2 calças legings, 2 meias, fleece, luva, gorro, isolante e saco de dormir 0oC que foi impossível. Meu pescoço doía muito por estar encolhida, mesmo com o travesseirinho.

Às 2h em ponto, saímos rumo o cume. A trilha de 3,2 km é muito íngreme, passa por uns paredões de rocha a 45o dependendo do caminho/bifurcação que se pega, e exige excelente preparo físico. Fiz em 2h30, e os mais lentos do grupo fizeram em 3h40. Não aconselho sair 2hs. Acho que sair às 3h é mais sensato pois o frio que faz la em cima é impraticável e o sol só nasceu por volta de 6h20. Tivemos que esperar duas horas que foram as mais sofridas da minha vida. Tentei me abrigar entre algumas rochas, mas o local estava apinhado de gente que já tinha pego os melhores refúgios... O jeito foi tentar pedir para os colegas ao lado se aglomerarem o máximo possível. Foi muito duro... O vento criou uma sensação térmica realmente muito pior do que os graus negativos que estava fazendo lá em cima. Pra subir com saco de dormir, mantas etc, você acaba levando muito peso numa subida bem puxada. Tentei beber meu chocolate quente, mas estava frio. O topo estava bem cheio, e a disputa por fotos foi grande. Difícil conseguir bater uma boa foto sem ninguém ao fundo.

1- De noite no frio, 2- Horizonte começando a clarear, 3- O sol nascendo, 4- Sol da manhã aquecendo
Babando no sol

Assistimos finalmente ao nascer do sol, e quando o sol raiou de vez, foi um alivio sentir o calor no rosto e corpo!

Cume do Pico da Bandeira (2890 metros)  depois do amanhecer

Voltamos umas 8h30, e percebi que tinham muitos caminhos pra chegar lá no topo, e que pegamos alguns dos mais íngremes sem enxergar muito bem, A descida exige dos joelhos, me lembro de pensar o tempo inteiro que não podia torcer o pé. 

No acampamento, fui direto tomar banho, quase tive um choque térmico ao lavar o cabelo, e daí comi mais um sanduíche de atum e fui desmontando tudo e arrumando a mochila. Saí antes do grupo pois sabia que teria que ir devagar por conta do meu joelho. O sol castigou na descida, estava bastante cansada.

Na cidade, almocei num buffet que era 15 R$ a vontade, em um restaurante quase em frente à sorveteria da praça principal. Lá não tem muitos restaurantes. Esse em particular tinha pouca opção, mas deu pra matar a fome com um prato de arroz, feijão, batata frita, e macarrão com molho de tomate. Tinha coxa de frango ensopada, carnes e lasanha a bolonhesa, mas eu não como carne nem coxa de frango.

Esperando o grupo todo descer e almoçar, só saímos do Caparaó às 14h40, e chegamos no RJ às 22h30. 

No dia seguinte, minhas pernas estavam tão doloridas que ficou difícil descer escadas, mas estou feliz! mais uma trilha feita e um lugar lindo que conheci.

Agora que subi, não sei se voltaria no inverno, o frio é muito grande... Pra voltar em outras estações a maior preocupação é a chuva. Vamos ver se tomo coragem e volto em outra época, quem sabe até pela portaria do Espirito Santo.

Detalhes para quem vai por conta própria:

- Entrada para brasileiros - 15 R$ (Julho 2016).

- Pernoite em barraca em qualquer um dos campings - 6 R$ por pernoite (julho 2016).

- Funcionamento do parque: de 7hs-18hs.

- É necessário fazer reserva pelo site (preencher um formulário) para finais de semana (incluindo sextas) e feriados.

- Para contratar o serviço dos jipeiros, ligar para a portaria do parque (32 3747 2086)  e pedir o telefone dos mesmos.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Circuito W (Torres del Paine-Chile) Novembro 2015

Esse mês de novembro, me inscrevi para participar de uma expedição com um grupo de "trilheiros" que nunca tinha visto para conhecer as trilhas da Patagônia. Havia estado na Patagônia Argentina com uma amiga em 2011, e nessa época fiquei sabendo que existiam diversas trilhas por lá, além de um parque nacional lindo no Chile chamado Torres del Paine. Fique chateada de não ter me informado antes e descoberto os parques nacionais, mas a viagem foi organizada de improviso em cima da hora do carnaval, e prometi a mim mesma que voltaria para fazer as trilhas.

Dia 13 de Novembro, estava eu saindo rumo à Patagônia. Os vôos para Argentina são terríveis, fui de Aerolíneas Argentinas para El Calafate, e cancelaram meu vôo me deixando de molho em Buenos Aires horas antes de chegar ao destino final. A parte boa é que o aeroporto dispõe de plataforma para carga de celulares com entrada USB além de internet Wi-fi gratuita. O lanche da companhia é até bem servido se comparado às nossas cias aéreas: 1 a 2 sanduíches de pão de miga (pão de forma sem casca) com presunto e queijo além de um mini alfajor com uma bebida, e todos eram dados em vôos com 3 horas de duração.

Em El Calafate ficamos hospedados na 1a noite no Hostel del Glaciar Libertador. Paguei 85 reais a diária (sem Café!), mas o quarto era quadruplo com 2 beliches, sanitário e ducha em mini portinholas separadas no próprio dormitório. Foi minha 1a experiência em hostel. Achei incomodo estar com gente que nunca vi principalmente pra usar o banheiro, falar no skype em chamada e acordar cedo e não poder fazer barulho. Também me desagradou o fato de que o hostel não fornece toalhas de banho. Só nos dão fronha e roupa de cama e nós mesmo precisamos fazer a cama. O Hostel tem Wi-fi, e um computador com internet, mas achei o atendimento muito ruim! A ducha do nosso quarto quebrou duas vezes... Enfim... Como El Calafate é uma cidade extremamente cara, ali foi o lugar que deu pra pagar. A parte boa é que a rodoviária fica acessível a pé, existe um mercado relativamente perto, uma loja tipo essas de conveniência de posto de gasolina (mas essa em questão é na rua mesmo) a poucos metros do hostel e uma padaria (muito boa) a umas três quadras andando para a direita (para quem está de costas pra porta de entrada).

Meu hostel em El Calafate
Padaria perto do hostel

Tudo nessa cidade é absurdamente caro, inclusive barras de chocolate que custavam no supermercado cerca de 10 reais! Cada almoço e janta custava cerca de 100 reais, e os pratos são bem limitados. Todos os dias a comida era uma cesta de pães com a textura do nosso pão de batata (bem pesado), e carnes/aves ou peixe com 1 só acompanhamento, que geralmente é batata frita. Pode ser batata de algum outro tipo ou salada, mas nunca arroz, feijão, legumes, quinoa, ou uma mistura de mais do que um acompanhamento. Eu não como carne de boi, mas dizem que nessa região, carne de boi e de cordeiro são fantásticas. O frango desse lado da patagônia, só é preparado na chapa ou a milanesa... Acho que o "milanesa de pollo" é uma das especialidades deles, e sempre com maionese kkkk. A bebida, eu tomava água com gás mesmo, e acreditem, apenas uma refeição dessas dava por volta de 100 reais! Resultado: geralmente só almoçava ou só jantava e na outra refeição comia um lanche tipo empanada ou sanduíche, um chocolate ou ainda castanhas que trouxe comigo do Brasil. Existem diversos caixas eletrônicos em bancos da rua principal que te permitem sacar dinheiro em moeda local caso tenha desbloqueado o seu cartão de débito e te cobram, além do IOF, uma taxa do banco estrangeiro. Outra possibilidade que estava saindo bem mais em conta era a troca de dinheiro nas lojinhas da cidade, especialmente uma lojinha dentro de uma mini ruela de lojas e bares que existe por là. Não sabia que era tão fácil trocar reais, por isso não levei dinheiro em espécie, mas tudo o que levei, preferi trocar pois a taxa estava muito vantajosa. Cada real era trocado por 3,40 pesos argentinos nessas lojinhas, enquanto o cambio oficial era de 2,40 pesos. apesar de ser um país vizinho, quase ninguém troca peso argentino ou real por peso chileno, e quando alguém faz a troca, a taxa de câmbio é muito desvantajosa. Na duvida, melhor desbloquear o cartão de débito e levar bastante real.

Nosso próximo destino seria a cidade de Puerto Natales. ônibus pra là é super concorrido, só sai um por dia, por isso aconselho comprar antes. Encontrei alguns sites que oferecem esse itinerário, mas eu tomei mesmo o transporte na rodoviária (Todo Calafate, Interhabit, Busur, Zona Austral) O horário do ônibus era 16h30.

Rodoviária de El Calfate

Os ônibus são bem pontuais, saímos 16h30 e chegamos em Puerto Natales por volta de 22h. Uma das partes mais chatas é que é necessário fazer o registro de saída da Argentina e de entrada no Chile. São duas aduanas distintas, bem arcaicas, o que retarda a liberação dos viajantes. Algo muito importante é que o Chile é paranoico em relação a entrada de comidas, sementes, ou qualquer coisa que possa cair no solo deles, ser semeada, trazer pestes e acabar com os seus famosos vinhedos. Por isso, trilheiros de plantão, não levem nenhuma comida para o Chile, e se tiverem algo nas bagagens declarem para que não sejam multados com taxas altíssimas. Nessa entrada do Chile, são utilizados cães farejadores. Os cães farejaram cheiro de frutas na minha mochila cargueira pois o meus sabonete liquido tinha vazado, deu o maior trabalho, tive que abrir a mochila e tirar coisas de dentro, um saco... Chegando em Puerto Natales ficamos no hostel Lili Patagônico's que eu achei bem melhor que o de El Calafate. Os quartos eram bem mais confortáveis apesar de não terem banheiro dentro. Esse hostel possui 3 banheiros bem melhores do que o do hostel anterior, as camas já vem preparadas e existe uma camareira que arruma as camas! O café, apesar de muito ruim, também é incluso. A cidade de Puerto Natales é bem simples, todas as casas que eu vi lá pareciam feitas de latão ou madeira estufada de última categoria. Se for necessário comprar algo para as trilhas, desde calçados, meias, gorros, roupas, ou até mantimentos, faça-o nessa cidade pois no parque nacional não tem lojas nem supermercado, apenas alguns chocolates e biscoitos a preços superfaturados nos abrigos das trilhas.

Reservamos um dia em Puerto Natales para comprar os mantimentos já que não era permitida a passagem entre Argentina e Chile com alimentos. Como eu remo caiaque no RJ, fiquei de olho nos passeios de caiaque que vi pela Patagônia. Só dispondo desse dia livre, consegui agendar um passeio no lago Grey do parque nacional Torres del Paine. O passeio foi absurdamente caro, e olha que consegui um desconto de 50%! Consegui um acordo entre o pessoal da Swoop Patagonia e da Tu Travessia para fazerem o roteiro de 1 só dia. Não teve jeito, eu precisava muito conhecer a Patagônia pelo ângulo do caiaque. Choveu e ventou bastante nesse dia, além de fazer muito frio, o que dificultou muito a remada. Mas pude tocar em icebergs e ter uma visão do rio Grey, além de uma remada com visual incrível da cordilheira. Tive que entrar num roupa totalmente estanque e só ficava pensando como seria cair naquela água cheia de icebergs com aquele vento e chuva...



Nas fotos: 1. chegando no lago Grey, 2. Ao lado de um iceberg, 3. Rio Grey

No dia seguinte, às 7h30, mais uma ônibus que precisa ser reservado com antecedência: o ônibus de Puerto Natales para o parque nacional (infos sobre passagens aqui e aqui).

Antes de ser admitido em qualquer parque do Chile ou Argentina, é necessário assistir a palestras educativas sobre a preservação do parque, das plantas e animais, as regras e penalidades para as infrações. Houve um incêndio enorme em Torres del Paine faz pouco tempo por uma queima de papel higiênico, e isso destruiu uma grande parte do ecossistema.

Depois do ônibus, ainda é necessário aguardar um barco que atravessa o Lago Pehoe que, na época em que fomos, só saía meio dia em direção ao inicio da trilha no refúgio Pehoe. Atentar para os horários que mudam dependendo da época do ano (ver site no fim do post). A passagem é comprada dentro do "ferry".

Existe uma outra portaria desse parque, a portaria de Laguna Amarga, que pode ser acessada por transporte rodoviário e tem um lindo hotel cinco estrelas (hotel Las Torres) na sua base, mas como nós escolhemos começar o trajeto do W a partir do refúgio Pehoé, optamos pela 1a portaria. O W pode, portanto ser feito a partir de qualquer portaria, sendo que o sentido de caminhada eordem de visitação de cada atração são diferentes.

Mapa do circuito W - Torres del Paine
O Primeiro de trekking dia foi rumo ao camping Grey. Foi um dia relativamente tranquilo. Algumas subidas, algumas descidas e bastante parte plana. Muitos visuais de tirar o fôlego. Demos muita sorte pois só pegamos tempo chuvoso brabo um dia de toda a viagem, e foi antes de começarmos as trilhas. O vento, no entanto, se fez presente em diversos momentos: é muito forte, e nos foi dito que pegamos um vento leve para o que é normal na Patagônia!

Quando nos acomodamos nas barracas, fomos direto por um caminho de mais 10 minutos, até o ponto mais próximo onde podíamos avistar a geleira do glaciar Grey. Tem um outro serviço de caiaque neste local, o Big Foot, mas o último passeio sai às 18hs e a gente chegou là depois disso. Comemos no abrigo, mas geralmente só tem uma opção de refeição. Chame o garçon e perturbe se for vegetariano que eles vão dar um jeitinho.


Estação para pegar o barco/ferry do lago Pehoe


Visual de lagos no 1o dia de trilha 
Pedaços de gelo desprendidos da geleira
Fim da trilha do 1o dia: Glaciar Grey

Acordamos cedo no dia seguinte, tomamos café, banho (existe horário de banho quente acho que era de 7h às 21h) e levantamos acampamento pois seria um longo dia. Voltamos tudo o que fizemos no dia anterior (ou seja, se olhar no mapa, a pernada entre Grey e Pehoe), e ainda andamos até o refúgio Los Cuernos, umas 10hs andando se for em ritmo lento e parando. Esse dia foi longo e pesado, o refúgio parecia não chegar nunca. Durante o trajeto, percorremos trechos de muita pedra pequena solta forrando o solo, além das tradicionais descidas e subidas, e os pés e joelhos sofreram. Em um dado momento, passamos por um descidão que pode ser feito por dois caminhos, um que tem placas de ferradura (que é mais íngreme, curto e feito para cavalos) ou de sola de sapato (mais longo mas mais fácil de percorrer, feito para pedestres).

Café da manhã no refúgio Grey
Saindo do Refugio Grey


Trilha do 2o dia com lagos e picos nevados ao fundo
Terreno com rios gélidos e muitas pedras soltas

Passamos por umas praias de lago lindas e mesmo com o frio desgraçados, alguns dentre nós (eu me incluo) resolvemos pular na água gélida. Se prepare, pois as pedrinhas machucam os pés e a água é de doer o osso. Entrar foi revigorante, mas sinceramente com o vento que estava, foi cruel chegar até o camping, até porquê pegamos uma chuva fina e constante nessa hora.

Praia de Lago glacial pouco antes de chegar ao abrigo Los Cuernos

Tomamos banho e fomos mais uma vez jantar no abrigo, mas dessa vez o Los Cuernos. Chegamos com as pernas destruídas... Quando paramos, sentimos a musculatura toda dolorida, tão dolorida que ficou difícil até andar, quem dirá levantar e sentar.

O refeitório desse abrigo é bem aconchegante, tem calefação, vende-se vinho, fica bem cheio, e tem hora agendada para cada grupo fazer as refeições.

Os banheiros ficam numa casinha separada a algumas dezenas de metros do refeitório (mas tem uma "mutreta" de um banheiro dentro do refugio que em princípio não é para quem está no camping usar), têm água quente, todavia estão constantemente com ralo entupido. Não há um lugar adequado para colocar a "necessaire" e as roupas limpas, e os sanitários são portas dentro do cômodo aberto que constitui o banheiro (todo mundo sente o cheiro de quem está mandando um número 2).

O visual desse camping é lindo, ele fica bem no alto e tem muitas flores vermelhas e montanhas ao redor contrastando com o azul turquesa das águas glaciares dos lagos ao fundo.

As barracas ficam espalhadas por diversas áreas picotadas ao redor do refeitório, e ficam montadas em cima de um estrado de madeira. Venta muito nesse camping e as roupas úmidas estendidas secaram bem.

Barracas alugadas e montadas no refugio Los Cuernos
Refeitório do refúgio Los Cuernos
Visual do refúgio Los Cuernos: flores vermelhas, verde da mata branco dos picos nevados e azul do lago

O 3o dia de trilha, foi dedicado a conhecer o Vale e o Mirante do Francês. Para chegar lá, uma vez mais, foi preciso refazer parte do caminho já percorrido, incluindo as praias de lago e o acampamento Italiano (é gratuito, mas sem estrutura). Depois desse ponto, pegamos um trajeto ainda inexplorado por nós o Vale do Francês.

A trilha estava muito congestionada, inclusive com idosos europeus. Ela é bem íngreme, e nesse caso vale o uso do bastão de trilha. A maioria dos idosos só foi até o primeiro "plateau" do vale. Nesse ponto, começou a nevar bastante, e já não tinha mais quase ninguém na trilha. No ponto final da trilha, é possível avistar diversos maciços nevados em frente e, em alguns momentos, ouve-se pequenas avalanches.

O agregado de rochas no topo oferece um abrigo parcial do vento que permite reabastecer as energias fazendo um lanche.

Na volta pegamos chuva, e pela segunda vez chegamos com as pernas tão destruídas o quanto no dia anterior. Tomamos Dorflex, mas não adiantou muito...

Los Cuernos ao fundo, caminho com terreno muito pedregulhoso
Voltando o caminho pela praia do lago
Passamos por quedas d´água, sempre fontes para encher os cantis
Muita subida
Chegando ao primeiro plateau do Mirante do Francês
Neve no Vale do Francês
Cadeia de montanhas ao fundo do segundo plateau do Mirante do Francês

Descendo o Vale do Francês, o sol abriu!

No 4o dia de caminhada, levantamos acampamento cedo e partimos rumo ao Refúgio/camping El Chileno. Andamos bem, inclusive por alguns trechos acharcados, mas o duro mesmo foram as subidas finais, em um chão arenoso no qual os pés acabavam sendo engolidos pela terra fina, o que dificultava muito a caminhada com o mochilão. Chegamos relativamente cedo, e depois de largar os pertences nas respectivas barracas alugadas, arrumamos as mochilas de ataque e partimos rumo às Torres, nosso atrativo final.

Refúgio Chileno: barracas, cavalos e margeado por um rio
Toda a altimetria desde o refúgio Chileno até o Mirante das Torres

Essa trilha é bem legal, sobe aos poucos e passa por diferentes terrenos e ambientes. Começa com uma floresta fechada, passa por uma floresta mais aberta e por fim, chega a uma longa subida cheia de pedras, riachos e arbustos (sempre tem lugar pra reabastecer o cantil) e termina com rochas desnudas cobertas de neve num terreno onde venta muito e faz frio demais. Não vou mentir, esse trecho final é bastante chato. Nessa parte onde só há rochas, é importante prestar atenção nas pedras que estão pintadas pois elas indicam o caminho a seguir. A recompensa ao chegar ao topo, é um lindíssimo lago repousando ao pé das Torres...

Essa trilha também é bastante frequentada, apesar de ter um fim é bem cansativo. Acho que é a trilha mais popular do parque por chegar em uma montanha bem acidentada com um lago ao seu pé.

Na volta é preciso ter calma pois o declive é grande. Acredito que seja possível fazer essa trilha a cavalo pois no refúgio tem muitos deles.

Os banheiros desse refugio são mais apertados e menos arrumadinhos, mas estão organizados em cabines individuais unissex que têm chuveiro e vaso sanitário (alguns têm espelho).

O refeitório é bem semelhante aos demais em termos de aparência, mas tem lareira, e serve a comida mais farta e o melhor cardápio de todo o circuito W. Tivemos direito a nos servir à vontade de saladas, feijão fradinho, além dos pratos principais e sobremesa, regalia que não tivemos em nenhum dos demais refúgios.



O grupo com as Torres ao fundo
Após passar a noite na barraca alugada do refúgio Chileno, arrumamos as mochilas e partimos rumo à portaria Laguna Amarga. Ao chegar perto do hotel cinco estrelas Las Torres, é possível pegar um transporte, mas o mesmo só sai em horários pré-determinados bem espaçados. Decidimos ir a pé pela estrada até a portaria (mais uma bela caminhada), e tivemos que esperar bastante até o nosso ônibus de volta para Puerto Natales chegar. Nesse ponto de ônibus rústico de Laguna Amarga faz muito frio.

Hotel Las Torres na descida
Andando na estrada entre o parque e o ponto de ônibus na portaria Laguna Amarga

É muito importante usar sapatos confortáveis, especiais para trilha e que já tenham sido amaciados antes.

Como tem muito terreno com pedras soltas, aconselho o uso de uma bota para evitar torções. Ainda assim, meus colegas que estavam usando bota ficaram com os pés estraçalhados, unhas encravadas, bolhas (alguns estavam com calçado recém adquirido). Eu tenho muita tendência a torção de pé, e essas trilhas de Torres del Paine têm muitas pedras soltas que propiciam virar o pé e machucam a planta dos pés quando o solado do calçado não é rígido suficiente. Fui com meu tênis de trilha pois não estava com dinheiro pra investir numa bota de cano alto, e daí, acabei torcendo meu pé 3 vezes... Só não foi pior porque enfiei o pé imediatamente dentro da água congelada dos rios da região (descida do vale do francês) imediatamente evitando uma inflamação pior. Vou juntar "dindin" pra comprar uma bota, definitivamente. Acho importante frisar, no entanto, que o tênis é muito mais leve e confortável: todos os meus colegas de trilha tiveram muitas bolhas nos pés e sentiram muito cansaço devido ao peso das botas, o que quase inviabilizou a caminhada, enquanto eu terminei o circuito com o pé super tranquilo, sem bolhas. Dei sorte que não choveu... meu tênis não era impermeável mas as botas deles sim. Como chove muito na Patagônia, é bom que o calçado seja impermeável. Nada pior do que um pé molhado num local onde chove muito (as meias e o calçado não irão secar) e com temperaturas muito baixas (o pé molhado no frio vai resfriar o corpo todo), pode dar hipotermia, pneumonia e resfriados pesados inviabilizando a continuação da viagem.

Outro comentário: consegui suportar o frio noturno na barraca com um isolante térmico e meu saco de dormir de 0oC, mas tive que dormir de casaco polar e calça de fleece. Talvez fosse mais aconselhável levar um saco -5oC para garantir, principalmente se o tempo estiver mais chuvoso e com ventos mais fortes do que quando fomos, mas assim como no caso da bota, quanto mais frio o saco aguentar, mais caro ele é...

Não usei clorin em nenhum trecho e bebi água dos rios o tempo todo, a água é super pura!

Infos importantes:

- Entrada no parque Torres del Paine para estrangeiros: era 18000 pesos chilenos (CHP) em espécie. Agora parece que os preços mudaram (21000 CHP). Verifique no site do parque, há diferenças de preço entre alta (outubro a abril) e baixa (maio a setembro) temporada. É possível entrar gratuitamente no parque antes e após o horário de abertura e fechamento. No entanto, a taxa de entrada é usada para a preservação do parque.

- Estadia nos campings com refúgios: 5000 CHP por dia se marcar com antecedência, 10000 se chegar e pedir estadia na hora (verificar aqui e aqui se os preços mudaram, os valores diferem de acordo com o refúgio).
Existem campings gratuitos sem estrutura de apoiso no parque. Para ficar lá, é preciso levar nas costas barraca, fogareiro e outros equipamentos necessários durante todo o percurso.

- Aluguel de barraca para 2 (já montada): 15000 CHP por noite (verificar aqui e aqui se os preços mudaram, os valores diferem de acordo com o refúgio).

- Aluguel de saco de dormir: 10000 CHP por noite (verificar aqui e aqui se os preços mudaram, os valores diferem de acordo com o refúgio).

- Aluguel de isolante térmico: 3000 CHP por noite (verificar aqui e aqui se os preços mudaram, os valores diferem de acordo com o refúgio).

- Refeições nos refúgios (pensão completa): 28000 CHP por dia. As refeições podem ser compradas separadamente (verificar aqui e aqui se os preços mudaram, os valores diferem de acordo com o refúgio). Nosso grupo comia chocolates, castanhas e barrinhas durante o dia e tomava um café da manhã e um jantar fartos no refúgio.

- Ônibus para o parque saindo de Puerto Natales ou Punta Arena: aqui

- É possível carregar os celulares e maquinas nos refúgios contanto que fique na fila e que disponha de um adaptador! A dica seria levar um carregador portátil, desses que ligam a um fio USB e carregam seu celular ou maquina Gopro.