domingo, 10 de agosto de 2014

Rapel na Pedra da Tartaruga- Guaratiba RJ

Já inha feito diversas vezes a trilha que leva de Guaratiba às praias selvagens, mas nunca tinha feito rapel na pedra da Tartaruga.A pedra tem 98 metros de altura, mas a descida do rapel é bem curta pois se limita ã descida da cabeça da tartaruga.

Faz algum tempo, olhando as ofertas coletivas disponíveis, vi um cupon que dava direito a fazer o tal rapel: não hesitei, sabia que aquela era a oportunidade perfeita que vinha faltando pra me impulsionar a realizar o projeto. Confesso que fiquei meio receosa de fazer uma descida negativa como essa com um pessoal de compra coletiva que eu nunca tinha ouvido falar, passou na minha cabeça "será que o equipamento estaria em bom estado?" Mas não quis saber, fechei os olhos e fui. A empresa que executou o rapel foi a Pathae caso alguém se interesse em fazer.

Começamos a trilha bem cedo, 7hs, o dia estava lindo, o ar fresco e a trilha completamente deserta! No grupo que iria descer, além dos dois instrutores, éramos apenas eu e mais um casal. Uma dica importante para quem chega à Guaratiba de carro, é chegar ainda mais cedo pois existem pouquíssimos locais onde o estacionamento é permitido, o local lota rápido e os policiais realmente multam os carros parados em locais proibidos.

Fomos os primeiros a chegar na Pedra, e os instrutores começaram a montar o equipamento. O grupo que chega primeiro sempre pega o melhor point de rapel, com o melhor visual, e ainda curte o local na maior paz, por isso é muito importante chegar cedo. Além disso, a trilha feita com sol baixo é muito mais agradável. Como o topo da pedra é descampado, é importante levar protetor, chapéu e água pra não pegar insolação, passar muito calor e sede (dá pra aguentar se você esquecer tudo isso, mas obvio que haverá algum desconforto rs).
Sentadinha com a praia só pra mim ao chegar no topo da Pedra.


A pior parte para a realização desse rapel é esperar a montagem do equipamento, que é bem demorada (toma a maior parte do passeio, tirando a trilha). A descida em si é extremamente rápida, pois é feita com uma peça chamada de "oito" que, na minha humilde opinião, dificulta um controle fino da velocidade da descida para os mais inexperientes. Quado fiz rapel em Bonito (MS), o equipamento utilizado dispunha de uma alavanca que podia ser pressionada com o polegar e permitia diversas velocidades de descida em função da força aplicada.

Sendo paramentada.
Já na presença do segundo grupo de rapel, montando a via de descida ao lado da nossa.


Depois da paramentação e de passar as explicações sobre a melhor técnica de descida, o instrutor te acompanha até um certo ponto e, dali, você vai sozinho (no meu caso) ou tem a opção de descer em dupla se estiver acompanhado.

Descendo com o instrutor, prestando atenção nas instruções.

Daí, você fica pendurado na corda, aprecia a paisagem o quanto seu dominio do "oito" te permite, e chega brevemente à base da da cabeça da tartaruga. Dali, pega-se um caminho estreito de 3 minutos para retornar ao topo da pedra e a volta a Guaratiba é feita pela mesma trilha de ida.

Último ponto antes de começar o rapel negativo.

A vista da praia do Perigoso é incrível. As águas cristalinas valem um mergulho e uma estendida por là antes do regresso, infelizmente, eu não dispunha de muito tempo esse dia pra ficar por là. Vale lembrar que nem sempre essa praia é tão clara e calminha, já peguei ela com bastante onda , gelada e com transparencia prejudicada.

Não é possível levar máquina fotográfica durante a descida, pois as mãos ficam ocupadas manuseando a corda, por isso os registros se limitam basicamente ao inicio do rapel.

Quando terminamos, là pelas 10hs, fiquei impressionada com a quantidade de pessoas que estavam apinhadas em cima da pedra, não dava pra acreditar que era o mesmo lugar (chegava a ser desagradável). A maioria, aliás, não estava ali para fazer o rapel, apenas pra curtir a vista.Para quem gosta de sossego, chegue cedo!

No fim das contas, valeu a descida que apesar de ser "a jato", tem um visual de tirar o fôlego.






Começando - Pedra Selada - Visconde de Mauá

Estudei em um colégio estrangeiro, por isso acabei sem muitos amigos na minha cidade, todos voltaram para seus países de origem. Tem também o fato de que crescer é complicado, a gente tem que ganhar dinheiro, fazer supermercado, arrumar casa, fazer comida e acaba cansado e sem tempo pra sair. Trabalho bastante, numa área complicada, que é a pesquisa em biologia, e hoje em dia, faço menos aventuras do que gostaria. Muitas vezes me sinto frustrada por não conseguir juntar mais dinheiro e não conhecer gente tão aventureira quanto eu disposta a armar viagens de desbravamento, e por ser mulher, é sempre mais complicado sair sozinha pelo mundo, mas as coisas precisam mudar! Tem momentos da vida da gente que são particularmente complicados, verdadeiras provas de vida, e estou justamente atravessando um destes. Nada melhor do que um momento como esses pra começar um projeto.

Fora isso, um amigo muito querido que tem o mesmo ímpeto que eu por viagens (mas viaja com a namorada) está viajando pela Turquia e ainda vai fazer uma viagem dos sonhos com os amigos em um veleiro pelas ilhas gregas. Ele trabalha em uma empresa legal, ganha um salário bom, tem férias de um mês garantidas, e tem companhia pra viajar. Isso me fez voltar a sonhar em retomar meus projetos de explorar o mundo, trocar experiências e dicas com quem tem tanta sede de mundo quanto eu, e quem sabe angariar uma galera legal pra viajar por aí... É tanto lugar pra conhecer, e tão pouco tempo e dinheiro ahhhhh!!!!
Faz tempo que não faço uma dessas viagens muito empolgantes, mas hoje resolvi começar meu projeto de relatos das pequenas viagens de aventura que faço, que hão de se tornar grandes.

Começo com o relato da subida da Pedra Selada, em Visconde de Mauá aqui no RJ. Toda vez que ía a Mauá, sempre ouvía falar da Pedra Selada, queria subir, mas acabava não subindo. Dessa vez não arredei o pé, subi, mesmo sabendo que, muito provavelmente, chegaria ao topo e não veria o tão esperado visual que eu almejava, já que o tempo estava começando a mudar e as nuvens já chegavam ao topo da Pedra. Não, a subida não podia ser adiada mais uma vez!! E vamos ao relato.

O início dessa trilha começa no sítio de um senhor chamado Alcebíades. Pra chegar lá é necessário passar pela vila de Visconde de Mauá, que é do lado oposto de Maringá e Maromba. Chegando em Mauá é só seguir reto por 12-13km numa estrada de terra em bom estado, passa-se por diversas pousadas como a Mauá Brasil, a Fazenda do Mel, e a Terras Altas. Em um momento chega-se a uma placa, escrita com tinta branca "Pedra Selada", que direciona para uma bifurcação à sua direita.
Daí rapidamente se chega ao rancho do seu Alcebíades (eu cheguei cerca de 13h). Para percorrer a trilha, paga-se uma taxa de 8 reais por pessoa (2014), o que inclui manutenção da trilha e utilização de um banheiro bem modesto no casebre do rancho. 
Seu Alcebíades diz que o trajeto leva 1 hora para ser percorrido, mas subi em 2hs, fazendo umas 6 paradas rápidas e descendo pra dar uma olhada em duas cachoeiras que existem no caminho.

Com a Pedra Selada ao fundo, no rancho do Sr. Alcebíades

 O pico da Pedra Selada é o mais alto da região de Mauá e fica a 1755m de altitude. A trilha é bem íngreme, tem uma extensão de 2750m de comprimento, mas pode ser feita por qualquer pessoa pois não apresenta nenhum trecho de abismo ou escalada e oferece bancos de madeira ideais para os mais sedentários. Claro que é uma trilha cansativa, mas nada impossível para os não-trilheiros, contanto que disponham de paciência e boa vontade. Durante todo o percurso existem marcos de metragem que aparecem de 250 em 250 metros (andando em subida, 250 metros parecem ser bem mais do que isso) e darão um certa noção de quanto do trajeto falta a ser percorrido. Como na maioria das trilhas um pouco mais demoradas, levar água é fundamental e protetor solar e agasalho são aconselháveis.
O início da trilha se dá por um pasto em subida no qual estão vacas e cavalos. Em pouco tempo chega-se a uma curta descida bem íngreme que leva a uma pequena queda d'água boa pra se refrescar no verão.

Primeira queda d'água (descida íngreme).

Depois dessa queda d'agua, os únicos trechos planos aparecem. A segunda queda d'água não fica muito longe da primeira. Como o dia já estava encoberto (em Mauá, assim como em muitos lugares com cadeia de montanhas o tempo costuma fechar depois do almoço), as cachoeiras não estavam de fato muito convidativas, mas valeu uma parada pra apreciar e molhar o rosto. 

Segunda queda d'água do percurso.
A trilha se acentua muito quando se chega a uma bifurcação que tem uma seta amarela indicando uma subida a esquerda. A trilha principal parece continuar reto, mas é preciso seguir a seta amarela. Depois desse momento, existem dois trechos que necessitam de ajuda de uma corda que fica ali, não por oferecerem perigo, mas sim porquê o desnível do degrau de terra é muito grande. A perna vai sofrer um pouco e a mão vai, provavelmente, ficar suja de terra. Finalmente, chega-se a uma placa indicando que faltam apenas 100 metros. É mentira!!!! Ainda andei um tanto antes de chegar no cume!
O fim da trilha é feita sobre a pedra que é uma das pontas da Pedra Selada. Infelizmente, quando cheguei ao cume, o tempo estava todo encoberto e não dava pra ver a vista que todos relatam. 

No cume, tudo encoberto.
Mesmo sem visual, fiquei satisfeita por chegar lá!
Mesmo sem visual, a sensação de conquista, de finalmente realizar um plano que tinha faz tempo, foi ótima. Assinei o livro de visitantes, que é um caderno vagabundo com folhas soltas dentro de uma proteção de metal. A descida foi bem ruim pro joelho (eu já tenho problema no joelho!) e panturrilhas, além de ter esfolado no tênis um dos meus dedos do pé devido à inclinação excessiva. Devido a umidade que deixou diversos trechos escorregadios, demorou mais de 1hora.
Assinando o caderno de trilheiros.

No topo, haviam 2 cães do seu Alcebíades que me acompanharam na volta (incrível como existe cachorro em toda trilha!), mas ficavam emperrando na frente dos passos que eu dava, mais atrapalhando do que ajudando. Eles estavam aguardando qualquer lanchinho que eu tivesse, ganharam uns biscoitos :-). Final da tarde, missão cumprida, apenas uma boa noite de sono pela frente. Ainda vou voltar em dia de sol pra conferir o visual.